ACESSIBILIDADE NA CAMPANHA ELEITORAL
JUNHO.2008
A televisão é o maior veículo de comunicação de massa! Porém, 5,7 milhões de brasileiros (Censo IBGE-2000) só conseguem compreender e entender essa comunicação se ela contém o recurso da legenda: os surdos e os idosos ensurdecidos.
A partir de 19 de agosto de 2008 as emissoras serão obrigadas a ceder espaço (em seu horário nobre) à propaganda eleitoral para que os brasileiros de todos os recantos do Brasil tomem conhecimento dos partidos e de seus candidatos que, este ano, concorrem a prefeitos e vereadores.
A utilização de legendas viáveis e profissionais na propaganda eleitoral torna possível incluir os surdos no grande rol de brasileiros com direito ao benefício da informação, deixando-os aptos a, também, exercerem seu direito maior de cidadão: o voto, expressão máxima de sua vontade para que este ou aquele político dirija seu Estado e o represente pelos próximos quatro anos!
Espera-se para a legendagem das mensagens partidárias a mesma acuidade dispensada à imagem e ao conteúdo. Para o surdo, a legenda É o áudio! Sendo, portanto, primordial para que exerça seu status de direito: o de cidadão brasileiro.
A Lei prevê: "A propaganda eleitoral gratuita na televisão deverá utilizar a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) ou os recursos de legenda". As regras que disciplinam a propaganda eleitoral gratuita estão na Resolução 22.718/08 do Tribunal Superior Eleitoral - TSE (Fonte: www.tse.gov.br). A lei, entretanto, não especifica que recurso de legenda é esse.
O closed caption surgiu nos Estados Unidos na década de 1970. Atualmente diversos países utilizam esta tecnologia e a programação de TV dos EUA e Canadá é quase 100% legendada, inclusive os comerciais. Na época, a Universidade Gallaudet (única universidade do mundo com programas desenvolvidos para pessoas surdas, situada em Washington, DC) fez estudos entre os surdos, objetivando criar um consenso para a produção das legendas que melhor os atendesse. Desse estudo surgiram os parâmetros utilizados hoje na produção da legenda oculta. Vide norma da ABNT - NBR-15290 - "Acessibilidade em comunicação televisiva".
Nas últimas eleições houve uma invasão de legendas das mais diversificadas possíveis: com má qualidade, brancas (não considerando fundos claros), tamanho de fontes muito pequenos etc... muitas das quais impossíveis de se ler. A alegação que circulou na mídia, em resposta aos protestos dos surdos, foi a falta de tempo hábil para uma maior elaboração das legendas. Este ano, os digníssimos partidos e candidatos possuem tempo hábil.
Então, nas próximas campanhas eleitorais televisivas, esperamos poder, além de ouvir, LER propagandas com o mesmo alto nível e gabarito das propostas dos partidos e seus candidatos, porque "principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si" (Nizan Guanaes).
Uma campanha francesa exemplifica, de forma realística, como seria nossa sociedade se a situação fosse inversa. Dá para sentir na pele: http://mais.uol.com.br/view/x0nfxxmhqhjc/-040272D8A193E6.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
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