Durante muito tempo, as pessoas com limitações cognitivas foram denominadas excepcionais. O termo nasceu como tentativa de valorizá-las e protegê-las, mas as práticas que se seguiram, mesmo quando imbuídas das melhores intenções, contribuíram para excluir ainda mais este segmento da sociedade. De lá para cá, o Brasil mudou muito, e o mundo também. A deficiência passou a ser vista como uma questão de direitos humanos e o movimento pela inclusão das pessoas com deficiência passou a ganhar força em vários países. A desinstitucionalização é uma tendência mundial. A inclusão navega como uma onda, com mais intensidade em alguns lugares e apenas fazendo marola em outros, mas é impensável hoje que haja algum retrocesso que leve as pessoas de volta às instituições. Em fevereiro deste ano, a tradicional AAMR, “American Association for Mental Retardation” associação americana que durante cinco décadas carregou o termo retardo mental em seu nome, num gesto de renovação e sintonia com os novos tempos mudou de nome para “American Association on Intellectual and Developmental Disabilities”, alterando inclusive sua sigla mundialmente conhecida de AAMR para AAIDD.
Na nota em que defende a mudança da nomeclatura, o Editor do renomado periódico publicado pela associação, Dr. Steven J. Taylor, diz que o termo “deficiência Intelectual e do desenvolvimento” é menos estigmatizado. Ele ressalta que a mudança vai muito além da simples troca de linguagem e terminologia: “trata-se de uma questão de assumir uma atitude em prol da inclusão das pessoas com deficiência intelectual na sociedade”.
http://www.aamr.org/About_AAIDD/MR_name_change.htm
No ano em que o Brasil adere à Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas, que tem como princípio básico a inclusão de todas as pessoas com deficiência em todas as esferas da sociedade, é no mínimo contraditório que no nosso país a palavra excepcional continue a ser usada para referir-se às pessoas com deficiência intelectual que é o termo aprovado internacionalmente e usado inclusive no texto da convenção. Além disso, insistir em usar a palavra excepcional, que remete à exceção e à exclusão, vai contra todos os esforços que vêm sendo feitos pela sociedade para cumprir este princípio. Sem dúvida, um esforço concentrado para abolir o uso da palavra excepcional e adotar o termo deficiência intelectual seria uma bela maneira de homenagear as pessoas com deficiência intelectual, além de constituir um importante passo na direção da garantia de seus direitos e no respeito à sua cidadania.
Patricia Almeida Jornalista Coordenadora do Canal Down21 Brasil
quarta-feira, 11 de junho de 2008
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